sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A porta vazia está escancarada

O ser humano está absolutamente inconsciente do seu próprio ser.


Nossos nomes nos enganam: eles nos dão uma certa sensação como se isso fosse o que nós somos.
Nossos corpos refletidos no espelho, nossos rostos refletidos nos olhos das pessoas vão nos dando uma certa idéia de nossa identidade.

E então, devagar, bem lentamente, vamos juntando todas essas informações e criando uma imagem de nós mesmos que é completamente falsa.
Este não é o modo de se conhecer.

A pessoa não pode se conhecer por se olhar no espelho, porque os espelhos podem apenas refletir o seu corpo – e você não é o corpo.
Você está no corpo, mas você não é o corpo.

Seu comportamento, seu caráter, suas ações podem apenas mostrar sua mente, mas não você.
A menos que você tome ciência da sua consciência, a menos que você se torne ciente da sua luz interior, você vai continuar vivendo nas ilusões...

Descobrir a si mesmo é muito difícil, é viajar sozinho até o seu próprio centro.
E se às vezes, por acidente, as pessoas ficam interessadas em saber sobre elas mesmas, elas imediatamente tornam-se vitimas das palavras – teorias, filosofias, ideologias... Vítimas das escrituras, das doutrinas, dos dogmas – perdidas na selva das palavras.

Perceba que palavras você pode acumular – você pode tornar-se um erudito, um grande erudito.
E de novo você estará numa nova espécie de ilusão, a ilusão que a informação cria.
Quanto mais informação você tem, mais você pensa que sabe.

A informação é pensada como sendo sinônimo de saber, mas não é. Saber é experienciar.
Você pode compreender apenas aquele tanto que você experienciou – a compreensão nunca vai além da sua experiência.

Por isso, podemos dizer que 99% dos supostos religiosos – santos, mahatmas – são apenas eruditos.
No que concerne às palavras, eles são muito astuciosos, mas se você olhar no fundo se seus olhos, você descobrirá simplesmente os mesmos estúpidos seres humanos. Nada mudou.

A questão é saber: Quem sou eu? É a partir daí que começa a verdadeira evolução.
E o mais belo método para se entrar no âmago mais profundo do seu ser é transformar a sua consciência e chegar a um ponto de repouso, de silêncio profundo, de profunda harmonia interior.

A maioria das pessoas vive em fragmentos.
Um vive na cabeça, outro no coração, outro vive no corpo, um outro vive em algum outro lugar.
Um se aplica no dinheiro, outro no poder, outro em alguma outra viagem.
Mas ninguém é inteiro, plenamente consciente no que está fazendo, plenamente consciente no que está sendo.

Se você está vivendo certo dilema, a primeira coisa, a saber, é como você entrou nele, ao invés de tentar sair dele.
E é isso que as pessoas estão fazendo.
Elas perguntam “como podemos sair da nossa raiva, do nosso apego, da nossa mesquinhez, como podemos sair da nossa possessividade, sair disso e daquilo”?

Mas essas mesmas pessoas não perguntam “como entramos nisso”?
Primeiro veja como você entrou na raiva.
Se você puder ver a entrada, a mesma porta é a saída... Não é preciso nenhuma outra porta.

Mas sem estar consciente da entrada, se você tentar encontrar a saída, você não vai encontrar – você vai ficar cada vez mais desesperado.
E é isso que as pessoas continuam fazendo.
Por exemplo: nas escrituras, o que você está procurando? Soluções?

Por que você não olha para os problemas você mesmo?
Como você os cria.
Por que você não observa quando está criando certo problema?
E você cria todos os dias.

Hoje mesmo, em algum momento do dia, você vai ficar com raiva de novo.
Então veja como isso surge, veja como você entra nisso, perceba como isso se torna tão grande que você se perde...

As abelhas devem ter algo parecido com as mentes humanas, exatamente a mesma espécie de estupidez.
Elas entram pela porta escancarada e querem sair pelo vidro da janela fechada.
E quanto mais ela tenta, mais desesperada ela fica e começa a tentar passar pela parede, pelo teto, por qualquer lugar.

E no desespero, na frustração, ela se torna cada vez mais e mais cega, medrosa e apavorada.
Ela perde toda a inteligência.
E o mesmo está acontecendo com os seres humanos.
As abelhas podem ser perdoadas, mas você não pode.

A coisa mais importante, sempre que você estiver num problema, não é começar a fazer algo imediatamente, caso contrário, você tornará o problema maior.
Simplesmente sente-se silenciosamente, relaxe... Descanse...

Ao invés de tentar descobrir o caminho, observe por onde você entrou, porque todo problema tem sua própria solução e cada pergunta tem sua própria resposta em si.
Se você for suficientemente atencioso, se você for suficientemente consciente, você será capaz de descobrir por onde você entrou na raiva, na possessividade, no apego, na mesquinhez...

E nenhuma escritura irá ajudar.
As escrituras são boas quando você é criança, as escrituras são boas quando você é jovem, mas chega um tempo em que você deve tornar-se maduro o bastante para ir além da informação e começar a procurar pela transformação.

Vivemos tão mecanicamente...
E cada momento é uma oportunidade, mas nós vamos perdendo-a na nossa estupidez.


Procure trazer a consciência para o momento presente...
Observe seu corpo deitado, relaxado...
Observe sua respiração.

Se você se torna consciente, você imediatamente sabe que você não é o corpo... E nem a mente.
Você é eterno e o corpo um dia se dissolve.
A mente é o resultado do seu contato com a sociedade, com seus pais, com os educadores, com os sacerdotes...

Se você compreende essa verdade, que você não é nem o corpo e nem a mente, você passa a perceber que você é pura consciência.
E essa pura consciência é a maravilhosa luz.
Essa é a luz da qual Buda falou: “Seja uma luz em si mesmo”.

A luz não está confinada em nenhuma palavra.
Ela está além de todas as escrituras, além de todas as expressões, além de todas as definições.
Mas se você tem sensibilidade pra ver, se você tem inteligência, ela está disponível em toda a sua nudez, em toda a sua pureza, em toda a sua eterna pureza... Na sua essencial beleza.

A todo o momento ela está disponível.
É simplesmente por causa da nossa estupidez, da nossa mediocridade, por causa da mente, que ela permanece escondida, ou melhor, você não consegue ver.

Seja o que for que você faça, seja o que for que você tenha feito, seu centro permanece intocado – o ciclone não pode tocar o centro.
Segundo o Zen, você não precisa atingir a perfeição, pois a perfeição é a sua natureza.
Você é perfeito desde o nascimento.

Tudo o que é preciso é apenas desfazer-se de suas ilusões.


E é impossível manchá-la... Nenhuma ação inconsciente pode manchá-la.
Assim, seja o que for que você tenha feito você o fez somente em sonhos.
Quando você desperta, quer você tenha sonhado que foi um pecador ou um santo, não interessa.

Quando há o despertar da consciência, ambos os sonhos acabaram – você nem liga.
Você não se sente culpado, se foi um pecador nos seus sonhos e você não se sente mais santo, só porque foi um santo em seus sonhos.

Sonhos são sonhos, ilusões.
A pessoa desperta, acordada, está livre de todos os seus sonhos.
Toda a miséria está em sua imaginação.

Quando esta miséria imaginária é abandonada, não sobra nada além de bem-aventurança, graça e êxtase.

Prática de Meditação



Então, desperte!


E penetre o silêncio.
Em profundo silêncio encontre a si mesmo.

Postado por Luísa afonso em: http://claudiovelasco.ning.com/profiles/blog/new.  
Tudo o que é preciso é inteligência, tudo que é necessário é compreender o ponto.
Deixe para trás, por alguns minutos, a ilusão do seu nome, da sua posição social, a ilusão do corpo, da mente...
Nada tem de ser alcançado, nada tem de ser mudado.
Perceba que você já é iluminado – Você já é um Buda.
E imediatamente você percebe que você foi o buda – o iluminado, desde o começo.
Você foi um Deus desde o começo, você não pode ser outra coisa.
A divindade é sua natureza intrínseca, não é nada a ser conseguido.
Ele tenta saber de tudo, exceto do seu próprio ser.
Nós somos, mas nós não sabemos quem somos.

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