Mais do que preservar o meio ambiente, é preciso reciclar as emoções.
Ouvimos cada vez mais falar sobre sustentabilidade. Mas você sabe o que esse termo significa ? É comum associarmos sustentabilidade às questões ambientais, porém, ela é bem mais abrangente do que isso. Está ligada à nossa sobrevivência e existência. Afinal, somente otimizando todos os aspectos da vida poderemos criar as condições necessárias para que nós e o planeta possamos viver em harmonia.
Ouvimos cada vez mais falar sobre sustentabilidade. Mas você sabe o que esse termo significa ? É comum associarmos sustentabilidade às questões ambientais, porém, ela é bem mais abrangente do que isso. Está ligada à nossa sobrevivência e existência. Afinal, somente otimizando todos os aspectos da vida poderemos criar as condições necessárias para que nós e o planeta possamos viver em harmonia.
A base de toda e qualquer estrutura coletiva é formada, antes de tudo, por indivíduos. Muito se fala dessa sustentabilidade que se trata do coletivo, das políticas, das tecnologias e das tendências que vêm do coletivo para o indivíduo. A sustentabilidade costuma ser tratada de fora para dentro. Porém, se são os indivíduos que conduzem essas diretrizes e ações para o ambiente e para o coletivo, como seres insustentáveis poderão ser capazes de conduzir ações sustentáveis? A insustentabilidade do planeta é, antes de tudo, uma insustentabilidade de cada um dos seus quase 7 bilhões de indivíduos!
Sustentabilidade vai além do aspecto físico.
Não adianta determinarmos em nossa agenda que hoje estaremos alegres, amanhã tristes e depois de amanhã alegres de novo, cumprindo isso como mais uma tarefa do dia-a-dia. Trabalhar e "resolver" nossas questões emocionais, mentais e espirituais não é algo que possamos fazer somente de forma racional e prática. Nossos aspectos sutis não funcionam exatamente como nossos aspectos físicos. Mas como humanidade, ainda não percebemos essa diferença e não aprendemos a lidar com nosso próprio mundo das emoções, pensamentos e alma. Tentamos resolver tudo de forma racional e prática, e nos sentimos perdidos e frustrados quando nossas abordagens não funcionam.
Tendemos a levar em conta e a dar credibilidade somente àquilo que é racionalmente comprovado por números e estatísticas. A realidade deve ser demonstrada de maneira racional e física. Porém, se em nossa essência somos também seres emocionais, mentais e espirituais, como deixaremos isso de lado? Como poderemos trabalhar uma verdadeira sustentabilidade sem nos trabalhar de maneira verdadeiramente integrada ?
Reproduzimos essa falta de integração em nossas vidas individuais, distorcendo as diretrizes que direcionam nossa maneira de viver e ser coletivamente. Nos preocupamos em separar e reciclar lixo, em economizar água, defender as florestas. De fato é importante cuidar do ambiente coletivo físico. Porém, isso é apenas uma das dimensões da sustentabilidade. Será que limpamos e reciclamos nossas emoções e pensamentos, gerando uma atmosfera emocional e mental coletiva saudável? Será que otimizamos nossas energias em forma de atitudes, pensamentos e ações positivas na maneira como nos relacionamos com os outros e com o ambiente?"Será que limpamos e reciclamos nossas emoções e pensamentos, gerando uma atmosfera emocional e mental coletiva saudável? Será que otimizamos nossas energias em forma de atitudes, pensamentos e ações positivas na maneira como nos relacionamos com os outros e com o ambiente?"
É preciso haver uma sustentabilidade individual antes de levá-la para o coletivo, pois só assim a sustentabilidade será sólida e verdadeira. De outra maneira, ela se torna parcial, até ilusória, e nos faz continuar a empurrar os verdadeiros problemas com a barriga. Pode parecer contraditório falar de algo individual quando tratamos de um conceito que se trata de um nível tão coletivo como a sustentabilidade planetária. Porém, a coletividade é antes de tudo um conjunto de indivíduos muito bem trabalhados, e que por terem seus limites e responsabilidades bem definidos são capazes de interagir de maneira equilibrada. Para chegar à tal sustentabilidade individual precisamos aprender a sermos egoístas de maneira positiva. Esse "egoísmo" ao qual me refiro aqui é positivo para a coletividade, e até essencial a ela, e não o egoísmo que desagrega o coletivo. É conquistado pelo exercício individual de observar a si mesmo e ao outro, sem julgamentos e pela desconstrução dos falsos bons comportamentos e atitudes.
Em nome do coletivo, tentamos atropelar aqueles que pensam diferente de nós, em clima de preconceito e julgamento, sem nem mesmo tentar uma real conciliação. Em nome do bem, fazemos boas ações pelo ambiente e pelos outros que na verdade não necessariamente beneficiam quem está lá fora, mas sim a sua própria carência e necessidade de ser reconhecido pelos outros. Em nome do que é justo, impomos nossa verdade ao outro sem nem ao menos tentar buscar compreender a verdade que ele traz dentro de si.
Sustentabilidade pode ser um caminho para a felicidade.
Ao nos desfazermos das nossas falsas intenções e assumirmos para nós mesmos nossos verdadeiros e distorcidos impulsos, começamos o trabalho de "purificar" as energias que nos impulsionam, a poluição interna em nossas motivações e intenções. Não adianta acharmos que o mundo está errado e que nós estamos cobertos de razão, e por isso ficarmos bravos. Podemos não concordar com alguém ou com o mundo, e nos sentirmos revoltados por alguns instantes, mas se não transformarmos essa raiva em amor - pelo outro, pela humanidade, pelo planeta, ou simplesmente Amor, um impulso genuíno de fazer o bem - todo o trabalho que fizermos na "boa intenção" de ajudar, fazer o certo e o bem, na realidade será movido pela má intenção (raiva, irritação, revolta, vingança, competição, etc.) disfarçada de boa intenção. Isso significa alimentar o emocional, mental e espiritual coletivo de maneira negativa. E pior, exalar negatividade disfarçada de boas intenções, justiça, de algo "certo". Criamos uma energia de contradição e ilusão, afinal, nós mesmos acreditamos estar fazendo algo pelo bem, e que no nível físico até pode parecer ser o bem mesmo. Porém, nos níveis sutis alimenta somente a negatividade. Vamos criando uma polarização, um abismo entre o que aparenta ser e o que realmente é na essência.
São nessas percepções e atitudes pequenas, mas de importância gigantesca, que podemos começar a trabalhar nossa sustentabilidade humana e contribuir para a sustentabilidade integrada do planeta.
O que isso tem a ver com a nossa vida? Como afeta o nosso dia-a-dia? Trabalhar a sustentabilidade dentro de nós significa, na prática, sermos pessoas mais bem resolvidas e felizes, e por isso capazes de interagir coletivamente de maneira harmoniosa. No final das contas, trabalhar a sustentabilidade integrada é trabalhar pela nossa própria felicidade antes de tudo.
Então, convido você a refletir e a trabalhar a sustentabilidade sob essa visão integrada, de dentro para fora, afinal, o mínimo que pode acontecer é você se tornar mais apto para a felicidade! Não soa nada mal, não é ?
Ceci AkamatsuTerapeuta acquântica, faz atendimentos no Rio de Janeiro e em São Paulo. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare
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